segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A Dimensão Mental/Espiritual da Sustentabilidade Humana (parte I)

Pensar em Sustentabilidade Humana é um exercício de perceber a relação "eu e o outro". Na postagem anterior, o assunto foi a Dimensão Física, tratando sobre o que diz respeito às nossas necessidades básicas, de atenção com o corpo, a saúde, a segurança e coisas do tipo. Por sua vez, a Dimensão mental/espiritual envolve aspectos neurológicos e espirituais como saúde mental, fé, concentração, foco, atenção plena.

Em busca do sucesso e da prosperidade as pessoas se matam, umas às outras, e matam-se, a si mesmas. Entregam-se a períodos de trabalho sempre maiores, deixando de lado pequenos prazeres. 

Caminhar num parque, dar uma volta pela praia, ir à igreja ou simplesmente fazer uma oração em casa, fazem um bem enorme para nossas cabeças cada vez mais ocupadas com questões do mundo pós-moderno. Esse mundo tão veloz, que nos bombardeia com um número cada vez maior de informações, põe nosso cérebro em parafuso e nossa espiritualidade em segundo plano. E com menos tempo para nós mesmos, ficamos menos conscientes do que somos, menos percebedores de nossas fragilidades e de nossas potencialidades.

Para equilibrar nossa imagem com nossa identidade, talvez essa seja a dimensão humana que mais precise ser levada em consideração. Ora, aquilo que você tem certeza de que é o seu cerne é o que vai garantir que tudo o mais se organize, permitindo o alinhamento das demais dimensões humanas. Por isso a importância da fé em algo. E se essa fé encontra amparo em alguma religião ou prática espiritual, recomendo que você se dedique a ela.

Para aqueles que depositam sua fé em alguma coisa e até para aqueles que não têm fé em coisa alguma, a meditação pode oferecer instrumentos para o  despertar de uma mente de prontidão e também para o autoconhecimento. 

Em meus estudos vivenciais na prática zen budista, pude entender que, diferentemente do que se apregoa por aí, o Zen não traduz aquele suposto sentimento de paz inerte e lesada. O Zen não é uma sonseira, uma letargia quase mortal.

Às vezes ouço a expressão "estou zen" e acho até engraçado. Confesso que eu mesmo já usei essa frase para descrever alguma sensação de tranquilidade e calma. Mas Zen pressupõe prontidão, mente desperta. Nisso a meditação zen, ou zazen, ou ainda Não-Ação - termo que passou a ser utilizado há pouco tempo pelo abade do Zenkoji, o primeiro mosteiro da América Latina, que fica no Brasil, em Ibiraçu-ES - pode ajudar.

A não-ação, nada mais é do que sentar e respirar. Também não é necessário fazer nenhuma recitação de mantras ou sutras, nem fazer som algum. Os pensamentos virão. Não faça julgamentos nem continue fazendo desdobramentos de tais pensamentos. Percebeu que está pensando em algo, concentre-se na respiração. Poucos minutos por dia já ajudam a fortalecer nossa "musculatura" mental.

Em breve, falarei mais sobre meu treinamento no Zenkoji e sobre a prática da não-ação.


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